domingo, 28 de junho de 2009

teste de projeção no ouro verde



neste sábado fomos ao cine teatro ouro verde realizar um teste de projeção para a cena de abertura do filme "haruo ohara (pausa para a neblina)". o projetor, adquirido em 2002 pelo polêmico projeto "velho cinema novo" (que deixou o nosso querido ouro verde sem projetor 35mm), é de 6 mil lumens. a tela, adquirida recentemente, tem 10 x 8 metros. seguem algumas fotos do guilherme gerais durante o teste da front projection. (marco hisatomi faz a sua primeira encenação como o grande haruo ohara)











O filme "Haruo Ohara (Pausa para a Neblina)" é uma realização da Kinoarte (Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina) com patrocínio do Ministério da Cultura – Secretaria do Audiovisual, apoio institucional do Instituto Moreira Salles, Museu Histórico de Londrina, Museu da Imigração Japonesa de Rolândia, Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura de Londrina, Fazenda Bimini e família Ohara, além do apoio cultural da Itamaraty, Restaurante Kabuto, Happen Pizza, Restaurante Kyodai, Restaurante do Toninho, Restaurante Frigideira, Panificadora Rio Branco, Alice Claus Massas, Meninas dos Olhos Bar, Farmácia Alifarma, Empadaria Nacional, jornal Paraná Shimbun, Kinopus Audiovisual e Revista Taturana.

Mais informações pelo telefone (43) 3026 6932 (Espaço Kinoarte) ou pelos endereços eletrônicos kinoarte@gmail.com e http://pausaparaaneblina.blogspot.com.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Marco Hisatomi irá interpretar Haruo Ohara



O filme “Haruo Ohara (Pausa para a Neblina)”, produção da Kinoarte com patrocínio do Ministério da Cultura, já conta com um protagonista: o professor Marco Hisatomi, de 43 anos. Ele irá interpretar o principal personagem do curta-metragem: o imigrante, agricultor e fotógrafo Haruo Ohara (1909-1999), responsável por uma obra que compreende cerca de 20 mil fotografias de Londrina produzida ao longo de mais de 50 anos. “Haruo Ohara é certamente o maior artista visual da história de Londrina. Para a Kinoarte é uma honra produzir um filme que dialoga com a sua linguagem”, afirma o diretor e roteirista do curta, Rodrigo Grota.

Terceiro episódio da “Trilogia do Esquecimento” (série iniciada pelos filmes “Satori Uso” e “Booker Pittman”), “Haruo Ohara (Pausa para a Neblina)” será rodado em Londrina e região de 5 a 12 de julho de 2009, incluindo em seu elenco seis dos nove filhos de Haruo Ohara: Tomoko, Hirak, Toyoko e Maria. O filme será ambientado no ano de 1950, incluindo cenas dos tempos em que a família vivia na Chácara Arara (hoje Jardim Santos Dumont). Para o produtor do filme, Bruno Gehring, contar com apoio da família está sendo essencial: “Inicialmente o Saulo Haruo Ohara, neto do Haruo, nos apresentou uma seleção das fotos e muitos dos objetos pessoais do Haruo, antes da doação ao Instituto Moreira Salles. Mais recentemente, em contato com outros familiares, tivemos acesso a muito material que ainda não foi publicado, e a histórias que ajudaram a compor a linguagem do filme. O curta, no entanto, não é sobre a vida de Haruo, e sim, sobre a sua obra”.


O filme "Haruo Ohara (Pausa para a Neblina)" é uma realização da Kinoarte (Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina) com patrocínio do Ministério da Cultura – Secretaria do Audiovisual, apoio institucional do Instituto Moreira Salles, Museu Histórico de Londrina, Museu da Imigração Japonesa de Rolândia, Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura de Londrina, Fazenda Bimini e família Ohara, além do apoio cultural da Itamaraty, Restaurante Kabuto, Happen Pizza, Restaurante Kyodai, Restaurante do Toninho, Restaurante Frigideira, Panificadora Rio Branco, Alice Claus Massas, Meninas dos Olhos Bar, Farmácia Alifarma, Empadaria Nacional, jornal Paraná Shimbun, Kinopus Audiovisual e Revista Taturana.

Mais informações pelo telefone (43) 3026 6932 (Espaço Kinoarte) ou pelos endereços eletrônicos kinoarte@gmail.com e http://pausaparaaneblina.blogspot.com.

resumo biográfico_haruo ohara



FILME HARUO OHARA (pausa para a neblina)
REALIZAÇÃO: KINOARTE

RESUMO BIOGRÁFICO HARUO OHARA (1909-1999)

(a partir de “Lavrador de Imagens”, de Marcos Losnak e Rogério Ivano)

1909 – Haruo Ohara (1909-1999) nasce a 5 de novembro, na província japonesa de Kochi, ilha de Shikoku, no Japão. O primeiro dos seis filhos de Massaharu Ohara (1887-1970) e Kuniju Ohara (1889-1975): Haruo (1909), Nobuaki (1911), as meninas Masa, Setsu e Mutsumi, e o caçula Hideomi (1924) (p. 11 e 12). Massaharu Ohara, eternamente conhecido como o comprador do Lote 1 de Londrina, era um homem de passos miúdos e olhos levemente estrábicos (p. 137). Ohara significa “grandes campos” em japonês.
1925 – Haruo prepara-se para ser professor (p. 15).
1927 – Em 17 de setembro, os Ohara emigram para o Brasil em busca do kane no naruki (“pé do dinheiro”: o café) (p. 20). Na bagagem, trazem enxadas, sementes, calças e vestidos, retratos, tinta e pincel para as cartas, algumas economias, o violino de Haruo e o shamisen (instrumento musical de três cordas, tradicionalmente encapado com pele de gato) da vovó Umeji (p. 21). No dia 14 de novembro, o navio Hawaii Maru chega ao porto de Santos (SP). De santos, os Ohara e os Tomita foram para São Paulo, e de lá acabaram instalados no município de Cotia (SP), onde trabalharam numa lavoura de batatas. Ainda em 1927, em dezembro, os Ohara se mudam para a fazenda “Vae Bem”, em Santo Anastácio, pequena cidade próxima a Presidente Prudente (SP) (p. 27).
1927 – 17 de setembro – Haruo inicia seu diário com termos em inglês: “imaggination, democracy, vanity, sentimentalism, engagement, Christmas, cinematograph” (p. 22). Haruo irá manter seu diário até 1992, deixando uma lacuna apenas no período da inexplicável interrupção entre 1950 e 1957 (p. 162);
Haruo era um exímio caçador de cobras (p. 40);
_Em Santo Anastácio, os Ohara conhecem Hikoma Udihara, conterrâneo, que tinha saído do Japão em 1910 (p. 31).
1929 – Em dezembro, uma caravana de 11 pessoas enfrenta mais de 200 km de estradas ladeadas por densa floresta. Passam pela vila de Jatahy (atual Jataizinho), cruzam o rio Tibagi, até chegarem ao Patrimônio Três Bocas (p. 35 e 36).
1930 – 28 de março: Massaharu Ohara adquire da Companhia de Terras Norte do Paraná o Lote 1 (região em que atualmente se encontra o Jardim Santos Dumont) (p. 36). O nome jurídico do Lote 1 era “Chácara Arara” (p. 70).
1933 – Agosto: os Ohara e os Tomita partem para o Norte do Paraná para tomar posse de suas terras (p. 36).
1934 – 27 de maio: Haruo fica noivo de Kô Sanada (1910-1973). Eles se casariam a 17 de junho. Na festa de casamento, as fotos seriam de José Juliani – momento decisivo para a vida de Haruo, que pela primeira vez tomou contato com a arte da fotografia (p. 53).
1935 – Nasce a primeira filha do casal Haruo Ohara e Kô Sanada: Tomoko (p. 62).
1936 – Nasce o primeiro filho: Hirak (p. 62).
1938 – Em março, nasce a filha Kazuko (p. 69).
1938 – Retrato de Kô: a primeira fotografia tirada por Haruo (p. 67).
1940 – Nasce a filha Toyoko (p. 69).
1945 – Em janeiro, nasce o filho Pedro Kazumoto (p. 83).
1946 – Em julho, nasce o filho Ciro (p. 83).
1948 – Em janeiro, nasce a caçula Maria Etuko (p. 83). O irmão caçula Hideomi se muda para São Paulo com o objetivo de estudar pintura (p. 117).
1951 – Em agosto, o Lote 1 foi totalmente vendido para a empresa Brasil Paraná – Loteamento e Colonização Ltda. O terreno daria lugar ao novo aeroporto de Londrina (o campo de pouso da Viação Velha já não servia mais). Mais da metade do sítio seria destinado à construção do aeroporto – o restante seria loteado. Ainda havia no terreno mais de 6 mil pés de café, um extenso pomar, jardim, 4 casas de madeira, tulha, terreiro etc. A família Ohara passaria a construir um sobrado de alvenaria na Rua São Jerônimo, n. 81, na região central de Londrina (p. 95, 96 e 97);
1951 – Participa da fundação do Foto-Cine Clube de Londrina, ao lado de Orlando Vicentini, Michio Yamamoto, entre outros. Associa-se ao famoso Foto-Cine Clube Bandeirantes, de São Paulo. Um dos quadros do seu irmão pintor Hideomi, chega a ser selecionado pelo júri da 1ª Bienal do Museu de Arte Moderna (p. 117).
1952 – Em outubro, morre a vó Umeji, levando consigo sua longa piteira e seu shamisen (p. 101).
1956 – Haruo participa do 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica da Biblioteca Municipal de Londrina, o primeiro evento do gênero na cidade. Concorreu com 3 fotografias e foi premiado com o primeiro lugar, recebendo, na ocasião, uma máquina Voigländer Bessa. A diretora da Biblioteca, Maria González, entusiasmada, envia as fotos para a “Exposição Internacional de Fotografias de Paris”, que premia Haruo e o fotógrafo Francisco Martins Sanches, também de Londrina (p. 118).
1956 – Tomoko, a filha mais velha de Haruo, volta de Curitiba (onde se formou em Farmácia pela UFPR) e passa a lecionar Física nos colégios de Londrina (p. 126).
1958 – Tomoko se casa com Eiji Matsuguma, e dá os três primeiros netos dos Ohara: Dario, Aldo e Tâmie (p. 126).
_Em Curitiba, Kazuko se forma em Letras. Em Londrina, destacou-se como professora de inglês (p. 126).
1959 – Comemorando o Jubileu de Prata de Londrina, Haruo participa do2º Salão de Arte Fotográfica da Biblioteca Pública Municipal, ao lado dos “londrinenses” Hideomi Ohara, Alcides de Mello, Augusto Galante, Francisco Sanches, Fedele Mioni, Helmut Koettel e Minoru Takagi, entre outros. Alguns expoentes da moderna fotografia brasileira, como Eduardo Salvatori, Jean Lecocq, Marcel Giról, Roberto Yoshida e Rubens Scavone, também participam deste salão que, no total, somou 260 fotos (p. 118).
1962 – O filho mais velho, Hirak, se forma em Arquitetura, no Rio de Janeiro.
1964 – Em junho, Haruo faz um levantamento de seus bens: além do sobrado da Rua São Jerônimo, havia a propriedade em Terra Boa formada por 30 mil pés de café, 6 casas de colonos, pasto e pomar; 5 alqueires de terra na Gleba Perobal adquiridos da Companhia Cobrinco, próximo à Serra dos Dourados, oeste do Paraná; 200 alqueires do lote São Gonçalo localizados no município de Barra do Bugre, em Mato Grosso; 4 salões comerciais no Edifício Ohara, ainda em construção, na Rua Sergipe (p. 126).
1964 – A filha Toyoko se forma em História Natural pela UFPR, em Curitiba, retorna a Londrina e passa a dar aulas, como as irmãs Tomoko e Kazuko (p. 126 e 127).
1966 – Hirak volta a casa dos pais com uma novidade: estava casado com Nícia Guimarães, uma jovem paraense, brasileiríssima, sem ascendência japonesa. Haruo não censurou o filho (p. 127).
1968 – Sunao se casa com Fumiko Muramoto e tem três filhos: Marcelo, Thais e Saulo Haruo Ohara (que também viria a ser fotógrafo e iria conduzir os trabalhos em prol da preservação da obra de Haruo). Sunao, assim como Haruo, tocava violino. No entanto, acabou por se formar em Economia pela UEL, em Londrina (p. 127).
1969 – Rosa se forma em Serviço Social pela UFPR, em Curitiba, e se casa com Yoshio Nishiyama, dando três netas aos Ohara: Cláudia, Andrea e Vanessa. (p. 128).
1970 – Pedro se forma Engenheiro pelo ITA, de São José dos Campos, casa com uma brasileira e tem três filhas: Karin, Karla e Fernanda (p. 127).
_Ciro iniciou o curso de Economia na UEL, mas desistiu no último ano. Desde então trabalha na Cooperativa Integrada. Casou-se com Mieko Ogata e teve cinco filhos: Soraya, Samira, Simone e os gêmeos Lucas e Thiago (p. 128). Além de ter herdado o gosto do pai pela fotografia, Ciro também mantém o Museu do Café, de forma independente.
1972 – A filha caçula Maria Etuko cursou Letras na USP, mas largou no último ano, desgostosa com a vida em São Paulo. Volta a Londrina e se casa com Carlos Barboza, tendo apenas um filho: Manuel. Etuko se tornou funcionária do Banco do Brasil. (p. 128).
1972 – Em agosto, morria em São Paulo o amigo Hikoma Udihara (p. 138).
1973 – No dia 5 de fevereiro, morria Kô, mulher de Haruo, a partir de uma doença rara: a Miastenia Gravis. Essa doença causava uma falha no sistema de defesa do organismo, atacando os músculos voluntários com a produção desordenada de anticorpos. Os músculos não respondiam às ordens, mas a consciência se mantinha preservada. Nesse período da doença, iniciada no começo dos anos 70, Haruo se dedicou integralmente a sua esposa. Após a morte de Kô, Haruo vive quase um ano isolado, em silêncio, trabalhando apenas em seu laboratório. Um dia, ele saiu do laboratório com um álbum fotográfico exclusivo para cada um dos filhos, consolidando, de certa forma, uma memória pessoal da família (p. 137, 138 e 139).
1974 – Haruo participa da 1ª Coletiva de Arte Fotográfica do Comtour. Em uma matéria publicada pela Folha de Londrina, Haruo era chamado de “fotógrafo purista” (p. 158).
1975 – Em julho, aos 85 anos, morre a mãe de Haruo: Kuniju Ohara (p. 143). Uma foto de Haruo é publicada na folhinha do ano confeccionada pelo templo budista Higashi Honganji, de Londrina (p. 158).
1976 – Em maio, morria seu grande amigo e mestre na fotografia: José Juliani (p. 143).
1977 – Tomoko cai gravemente doente: sofre um derrame cerebral e tem de fazer uma cirurgia. Interrompe as aulas do curso de Física que realizava na UEL. Só depois de muito tratamento retoma sua rotina (p. 144 e 145).
1979 – Em outubro, num terrível acidente de carro, morre a filha Kazuko, que estava dirigindo o carro (uma Brasília) rumo à praia, com duas amigas e a irmã Toyoko, que sobrevive (p. 145).
1992 – Pára de escrever os diários e também encerra o hábito de tirar fotos (p. 162).
1994 – Reportagem sobre Haruo Ohara no jornal “O Estado de S. Paulo” (reportagem de Jotabê Medeiros) (p. 160).
1997 – Em julho, Haruo foi dar uma volta e esqueceu o caminho de casa. Eram os primeiros indícios do Mal de Alzheimer. (p. 161).
1998 – No dia 19 de maio foi inaugurada a exposição “Olhares”, a primeira exclusiva com fotos de Haruo, organizada pelo poeta Rodrigo Garcia Lopes, e celebrada na Casa de Cultura da UEL, em meio à programação do Festival Internacional de Londrina (Filo). Haruo não vai no dia da inauguração da exposição, mas aparece três dias após a abertura, lembra-se de algumas fotos, posa para os fotógrafos, faz as pessoas rirem e vai embora. Ainda nesse ano, algumas fotos são apresentadas na 2ª Bienal Internacional de Fotografia, em Curitiba (p. 164).
1999 – Aos 89 anos, Haruo Ohara, após quatro dias internado, morre na madrugada do dia 25 de agosto, deixando filhos, netos e bisnetos. Seu corpo foi sepultado no mausoléu dos Ohara, no Cemitério São Pedro, no centro de Londrina, ao lado do pai, da mãe, da esposa e da filha.

_Fatos póstumos:
2000 – Sob a curadoria do fotógrafo Orlando Azevedo, a obra de Haruo é a atração principal da 3ª Bienal Internacional de Curitiba. Haruo é comparado a grandes da moderna fotografia brasileira, como German Lorca e Geraldo Barros (p. 164).
2003 – Publicação da biografia “Lavrador de Imagens”, de Marcos Losnak e Rogério Ivano.
2008 – Agosto: Publicação do livro “Haruo Ohara”, em três línguas (japonês, português e inglês), editado pela Positivo, sob curadoria de Orlando Azevedo.
2008 – Dezembro: Publicação do livro “Haruo Ohara – Fotografias”, editado pelo Instituto Moreira Salles, com curadoria de Sérgio Burgi, e prefácio de Marcos Sá-Corrêa.

Características da personalidade de Haruo Ohara

Primogênito (oniisan), Haruo nasceu sob o signo do Galo, tendo (de acordo com os astros) “uma personalidade nobre, honesta e carregada de alegria. Seria uma pessoal leal, inteligente e delicada. Talvez um homem um pouco tímido e reservado, mas sempre elegante. Seria alguém para ser sempre carinhosamente lembrado” (p. 11 e 12);
Espírito igossou: homens de comportamento generoso, independente, cuidadoso e resoluto (p. 12);
Ao ir para a escola, “preferia seguir flutuando pela água. Nas estações quentes, Haruo despia-se de seu uniforme e pulava no rio Kagami, deixando a correnteza levar seu corpo” (p. 15);
Haruo também tinha o hábito de colecionar selos (p. 51);
Negando a tradição, Haruo foi o primeiro e único de sua família que optou pelo rennai-kekkon (casamento por amor), não querendo assumir o miai-kekkon (casamento arranjado), sistema no qual as noivas eram conhecidas como “picture brides” (noivas de papel) (p. 57);
De forma autodidata, Haruo estudou fruticultura e floricultura, a partir de livros e revistas especializadas (p. 70).
Haruo era um leitor voraz (p. 78);
Haruo vivia sempre ocupado, cuidando da lavoura, fotografando e estudando (p. 83);
Haruo nunca impôs nem exigiu que os filhos bem entendessem a língua japonesa (p. 85);
Haruo possuía um humor no mínimo raro: certa vez, voltando da feira com os filhos, trouxe um presente para a esposa Kô: um saco com as fezes da mula Violeta (ele havia recolhido o esterco que a mula havia deixado nas ruas de Londrina) – o presente surpreendeu os filhos e a esposa (p. 86). Em outras ocasiões, Haruo gostava de dar pinga aos ratos, e vê-los tontos, caindo e trombando pelas paredes, causando gargalhada nos netos (p. 128);
Haruo retratava a poesia cotidiana do sítio, compondo cenas, focando detalhes, enquadrando paisagens, fixando em cuidadosos retratos a esposa, as crianças, os pais, os amigos, os camaradas e a si mesmo. Em alguns auto-retratos, criava verdadeiros personagens para não ser reconhecido (p. 87);
Haruo não se importava com bens materiais: para ele, muito mais do que a terra, o estudo era o único valor verdadeiramente duradouro (p. 96);
Ao se mudar para a cidade, no início dos anos 50, Haruo passou a se tornar um andante, atividade que manteve até o fim de sua vida. Ia constantemente ao cinema, visitava os amigos e era freqüente no comércio de Londrina. Para a família, ele reservava pic-nics nos recantos agradáveis da região. De caminhonete, seguiam para a Usina Três Bocas, ribeirão Cambezinho, Salto do Apucaraninha, Rio Tibagi, Jardim Paraíso, Chácara Palhano etc (p. 103 e 104);
Entre os anos 1950 e 1957, há uma lacuna em seus escritos, sem maiores explicações (p. 104);
Mesmo vivendo na cidade, Haruo ainda era um agricultor. Nos anos 50, adquiriu um lote de terras da Gleba Ribeirão Palmital, município de Terra Boa (então comarca de Peabiru), para lá do Rio Ivaí, nova fronteira do café no Paraná. Haruo batizou essa propriedade de Colônia Mineira (p. 113);
Haruo organizava metodicamente sua produção: em pequenas cadernetas, anotava o filme, enumerava as poses e descrevia o conteúdo de cada imagem feita. Guardava cuidadosamente os negativos, separava as cópias segundo os temas (p. 119);
Nos anos 50, Haruo trabalhava com duas câmeras Rolleiflex, uma de negativo 6x6 cm e outra de 4x4 cm, e duas Voigländer Bessa de 6x9 cm. Assinava revistas especializadas como a “Foto Cine Boletim”, a “Fotoarte”, a japonesa “Asahi Camera” e estudava imagens de livros e jornais (p. 119);
Método de trabalho: Haruo não desperdiçava negativo. Antes de tirar a foto, estudava horas a fio a imagem que desejava, fazendo desenhos em sua mente. Suas fotografias nasciam inicialmente em sua cabeça. O acaso raramente era bem vindo (p. 120);
Haruo não era um homem religioso (p. 145);
Nos anos 70, passa a tirar fotos com uma Asahi Pentax (p. 147);
Lia com avidez a literatura de modernos autores japoneses: Shimazaki Toson, Ryonosuke Akutagawa, Junichiro Tanizaki e outros; os haicais de Nenpuko Sato e seus discípulos, mangás, jornais e revistas (p. 149);
Nunca quis voltar ao Japão: um pouco porque havia prometido a Kô que retornariam juntos; outro motivo era uma zombaria – dizia que ficaria constrangido se encontrasse a moça a quem fora prometido e recusara. No início dos anos 80, não recusou uma viagem a Machu Picchu (p. 150).

Notas para Direção de Arte

Inicialmente os Ohara moravam em uma casa de palmito: os primeiros 20 alqueires da Gleba Cambé (Colônia Ikku – primeiro, a primeira). O palmito era comido cozido, grelhado, como tenpurá (fritura de legumes e carne) ou misturado com missô (pasta de soja), açúcar e ácido acético (sumissô) (p. 40). Já nos anos 40, os Ohara moravam em uma casa de tábuas de peroba, que foi sendo ampliada à medida que os filhos nasciam (p. 69);
Na festa de casamento de Haruo e Kô, o prato mais requintado foi ovo frito: o brinde foi feito com cachaça ao invés de saquê (tradicional bebida alcoólica obtida da fermentação do arroz) (p. 53);
Em seu diário, Haruo anotava dia a dia as condições do tempo, as variações climáticas, as fases da lua, a metragem da terra carpida, o que se plantava e se colhia, o preço dos cereais, as compras e vendas. Sem inventar palavras em japonês, começou a escrever em katakana (caracteres silábicos da língua japonesa utilizados para a escrita de palavras estrangeiras) os termos e nomes que só havia em português: milho, banana, mandioca, melancia, paiol, porco capado, dia santo, amargoso (p. 62);
No começo dos anos 40, Haruo deu início a um pomar e a um jardim: ele plantava tanto frutas exóticas como nativas: maçã, caqui, laranja, pêra, pêssego, uva, jaca, abacate etc; como também cultivava, entre outras flores, rosas, palmas e orquídeas (sua grande paixão) (p. 70);
Desde 1938, o ensino da língua japonesa era restrito, e logo depois foi totalmente proibido. Até mesmo falar o nihongo (língua japonesa) publicamente não era mais permitido. A partir de 1942, ninguém mais podia transitar livremente ou viajar sem um salvo-conduto. Livros em japonês tinham de ser queimados ou escondidos. (p. 77 e 78). Criados junto à família e vivendo na colônia, os filhos mais velhos de Haruo falavam somente o japonês quando ingressaram na escola (p. 84). Alguns filhos estudaram no Colégio Londrinense e no Ginásio Estadual de Londrina (atual Vicente Rijo) (p. 101);
Para evitar traquinagens dos filhos, Kô amarrava os menores no pé da mesa da cozinha (para tê-los ao alcance dos olhos), ou trancava os maiores na tulha (p. 83);
Os filhos de Haruo tinham seus compromissos na rotina doméstica do sítio e da lavoura: ajudavam no trato dos cafezais, na colheita das frutas, arranjavam os maços de flores, traziam água do poço, cooperavam na cozinha, tratavam da horta e dos animais, rachavam lenha etc (p. 85);
O Lote 1 era diferenciado nitidamente de outros sítios por suas inovações e seus cuidados: tinha um motor movido a gasolina, que acendia as lâmpadas elétricas, ativando o rádio. Haruo escutava música clássica em uma moderna vitrola (p. 85 e 86). Haruo gostava de ouvir sua coleção de clássicos dos “Mestres da Música”, a voz de Pavarotti, as árias de “Madame Butterfly” (p. 163);
Todo domingo, logo de madrugada, Haruo e os filhos vendiam flores e frutas em uma feira próxima à Concha Acústica: os maços, os cachos e as pencas eram levados numa carroça puxada pela mula Violeta (p. 86);
Nos anos 50, a presença de amigos na Rua São Jerônimo, como o cineasta Hikoma Udihara, era comemorada com muito sukiyaki (prato típico, feito com tiras de carne cozidas em molho, acompanhas de legumes, cogumelos, macarrão e queijo de soja, o tofu) (p. 102);
Haruo possuía um pequeno laboratório fotográfico na Rua São Jerônimo: 2 metros de comprimento, 1 de largura e 1,5 de altura: ele passava horas e horas diárias a revelar filmes e ampliar fotos (p. 102);
Haruo chamava suas anotações sobre fotografia de “detalhes de fotografação” (p. 123);


Depoimentos e anotações de Haruo Ohara

“Os ruídos da mata davam a impressão de uma sinfonia natural. As arapongas, com seu cantar estridente e ecoante, o roçar dos galhos pelas brisas constantes, as sucessivas e sempre inesperadas quedas de folhas de palmitos e os gritos dos macacos, faziam ainda mais bela e misteriosa a floresta virgem que nos rodeava. Enquanto trabalhávamos nas lavouras, muitas vezes nossa atenção era despertada pela contínua sucessão de sons que nos servia como fundo musical, suavizando os sacrifícios que suportávamos horas e horas seguidas” (depoimento, p. 39).
“A cada 10 fotos, apenas 3 saíam boas” (anotação, p. 66).
“Se tivesse feito a melhor foto já tinha parado, tinha chegado ao final” (depoimento, p. 160).
“Hoje você vê a flor. Agradeça a semente de ontem” (frase que Haruo transcrevia constantemente em diários, álbuns fotográficos e cartas) (p. 175).

Participações documentadas de Haruo Ohara nos salões fotográficos

1951 – 10º Salão Internacional de Arte Fotográfica do Foto-Cine Clube Bandeirantes; 1º Salão de Arte Fotográfica do Foto-cine Clube Marília; 3º Salão Arte-foto Piratininga; I Salão Paranaense de Arte Fotográfica do Foto Clube de Uraí;
1952 – 4º Salão Foto-Concurso do Foto Clube Piratininga; 4º Salão Pontagrossense de Arte Fotográfica do Foto-cine Clube Pontagrossassense; 11º Salão Internacional de Arte Fotográfica do Foto-cine Clube Bandeirantes;
1953 – 12º Salão Internacional de Arte Fotográfica do Foto-cine Clube Bandeirantes;
1956 – 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica da Biblioteca Municipal de Londrina; 1ª Exposição Internacional de Arte Fotográfica do Foto Clube de Minas Gerais;
1957 – 2ª Exposição Internacional de Arte Fotográfica do Foto Clube de Minas Gerais; XVI Salão Internacional de Arte Fotográfica do Foto-cine Clube Bandeirantes;
1958 – 8º Salão de Arte Fotográfica de Araraquara; 1º Salón Internacional de Fotografia San Adrían de Besos, Espanha;
1959 – VI Salão Nacional de Arte Fotográfica do Foto Clube de Jaú; 9º Salão de Arte Fotográfica de Araraquara; II Salão de Arte Fotográfica da Biblioteca Municipal de Londrina; 1ª Exposição de Arte Fotográfica do Foto Clube Piratininga;
1960 – 1º Salão Internacional de Arte Fotográfica do Foto Clube Colméia de Curitiba;
1961 – 9º Salão Internacional de Arte Fotográfica de Barretos; 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica de Birigüi;
1966 – III Salão Nacional de Arte Fotográfica de Londrina;
1977 – 1º Concurso Nacional de Fotografias da Natureza, Foto Clube de Minas Gerais.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

primeiro post



A Kinoarte (Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina) inicia por meio desse post um blog sobre o filme "Haruo Ohara (Pausa para a Neblina", um curta-metragem em 35mm com aproximadamente 15 minutos de duração e patrocínio do Minstério da Cultura - Secretaria do Audiovisual.

A partir de hoje serão postados textos sobre a pré-produção do filme, incluindo pesquisa de locações, seleção de elenco, de objetos de cena, ensaios, fotos de bastidores etc.

A foto acima é de Guilherme Gerais, que já havia trabalhado com a gente no filme "Booker Pittman", produzindo ótimo material de bastidores e de divulgação. A cena foi registrada em meio à primeira reunião geral com a equipe do filme, realizada no dia 15 de junho, no Espaço Kinoarte (Rua Paraíba, 331, Jardim Higienópolis).

O filme "Haruo Ohara (Pausa para a Neblina)" é uma realização da Kinoarte (Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina) com patrocínio do Ministério da Cultura – Secretaria do Audiovisual, apoio institucional do Instituto Moreira Salles, Museu Histórico de Londrina, Museu da Imigração Japonesa de Rolândia, Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura de Londrina, Fazenda Bimini e família Ohara, além do apoio cultural da Itamaraty, Restaurante Kabuto, Happen Pizza, Restaurante Kyodai, Restaurante do Toninho, Restaurante Frigideira, Panificadora Rio Branco, Alice Claus Massas, Meninas dos Olhos Bar, Farmácia Alifarma, Empadaria Nacional, jornal Paraná Shimbun, Kinopus Audiovisual e Revista Taturana.

Mais informações pelo telefone (43) 3026 6932 (Espaço Kinoarte) ou pelos endereços eletrônicos kinoarte@gmail.com e http://pausaparaaneblina.blogspot.com.